Estávamos em abril de 2005 e trazia um feijão de nove semanas na barriga. Um feijão que viria a ser a Inês.
Lembro-me de estar sentada na esplanada de um restaurante junto às piscinas de Porto Moniz. Recordo-me de ter pedido um bife de atum com molho de maracujá. Adoro maracujá.
Mais tarde, em outubro de 2006, voltei à Madeira por motivos profissionais. Depois da reunião de técnicos de ambiente no Aeroporto do Funchal, regressei ao hotel onde estávamos alojados. Tinha um pressentimento e passei na farmácia. Confirmou-se. Estava grávida do meu segundo filho. Nove meses mais tarde nasceria o Diogo.
A Madeira só me tem deixado boas recordações. Sem omitir o delicioso prego no bolo do caco numa praia cheia de calhau, bem perto da Estalagem da Ponta do Sol, onde fiquei alojada da primeira vez que visitei a ilha.
Lá está. Pôr-do-Sol, Ponta do Sol, Nascer-do-Sol. Se a ciência não o comprovasse, concluiria que gravito efetivamente em torno daquele astro.
Quinta-feira parto para a Madeira. Não vou em trabalho. Não estou grávida. Não sei se vou em turismo. Há quem considere que sim. Pessoalmente tenho conhecido mais do meu país desde que corro do que antes de o fazer. E não creio que conseguisse conhecer o que tenho visto sentada no banco de umas quaisquer quatro rodas.
A única certeza que tenho - se quem decide a vida de todos não mudar de ideias - é que pelas 00 horas de dia 12 de abril estarei junto de várias centenas de atletas em Porto Moniz, sem bife de atum, mas de frontal ligado na cabeça.
Há qualquer coisa de verdadeiramente encantador nas provas que iniciam à noite. O cenário avistado por quem fica cá atrás, como eu, olhando as centenas de luzinhas montanha acima, é de fazer arrepiar o mais insensível ser deste planeta.
Tenho 26 horas para completar 85 km num verdadeiro sobe e desce com 8.000 metros de desnível acumulado.
Sei que, atleticamente falando, estou longe de estar preparada. Conto apenas com a minha teimosia e a vontade de apanhar o avião de regresso a Lisboa, "as scheduled". Tenho mesmo que me... despachar!
Desta vez levo comigo um caderno de apontamentos e uma "bic". Estou certa que vou querer tomar notas pelo caminho. Mais importante do que o track no garmin - que morrerá ao fim de 8 horas a monte - serão todas as outras experiências vividas num pedaço de terra que flutua no Oceano Atlântico.
Vamos lá então descobrir como se chega a Machico!
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