Até eu tenho dificuldade em acreditar, mas… estou ali!
A Marta Andrade, que anunciou hoje a sua participação no
Triatlo de Oeiras daqui a dias, fez-me lembrar aquela “fatídica” data em Junho
de 2012.
Um grupo de amigos desafiava-me para aquilo que eu julgava
ser uma brincadeira. Até o nome na altura era… simpático. Triatlo do Ambiente,
chamava-se.
Antes da prova dos “supra-sumos”, os triatletas portanto,
haveria o “super-sprint”. O super-sprint, enganaram-me eles, era para iniciados
como eu. Melhor. Era para quem eventualmente pretendesse iniciar-se na
modalidade.
A última vez que tinha nadado fora no Verão anterior. Na
praia. Bruços. Para trás e para diante. Sempre ao longo da costa, como
mandam as regras.
Nado bruços porque sim. Gosto de nadar crawl mas rapidamente
me perco na respiração. Mariposa é o estilo que mais me fascina, mas não dou
uma braçada sequer. Costas? Entra-me água no nariz.
Nesse grupo – o Pedro Vicente, o Pedro Quina, a Marta Quina,
a Ana Guimarães, o José Guimarães e o Luís Trindade – creio que todos sabiam ao
que iam. E depois havia eu.
Um ano se havia passado desde que me iniciara na corrida. Na
pior das hipóteses, conseguiria correr como deve de ser. Até nisso me enganei.
300 metros de natação na praia da Torre. Creio ter engolido
456.782 pirolitos. “Jesus, gente bruta”, pensava eu assustada. “Não vêem por onde
nadam?!”, continuava. Experimentei todos os estilos. Nadar-à-cão incluído. Vi o
bote ao fundo e juro que pensei levantar o braço para me acudirem. E ainda não
tinha chegado à primeira bóia. Nem 100 metros, imaginem! Mas continuei. Saí da
água ao lado de um velhinho com mais 50 anos do que eu. No mínimo. Chegada ao
parque de transição foi fácil localizar a bicicleta. Não porque fosse um
estonteante último modelo do mercado – era uma BERG, de 60 euros, se tanto –
mas porque só restavam 3. Todos os outros já tinham partido. Os braços tremiam
e creio ter demorado mais de 3 minutos para conseguir vestir os calções e
fechar o capacete. Seguiam-se 10 km de bicicleta. Felizmente, funcionando como
massagem ao ego, consegui ultrapassar alguns atletas. Os pneus da bicicleta
tinham pouco ar – nem disso havia tratado – mas lá me esforcei para terminar e chegar
rápido ao segmento de corrida – seria “a minha praia”. Iria ultrapassar dezenas
de atletas, pensava eu, confiante. De volta ao parque de transição, saio da bicicleta
e preparo-me para correr. As pernas não mexem. Parecem dois troncos de árvore
com raízes profundas. Raízes fortes e vigorosas. As pernas simplesmente não me
obedeciam. Foram os 2,5 km com 0,02 m de D+ mais longos da minha vida. Cheguei
ao fim. E nunca mais voltei.
Digo muitas vezes que aquela foi a experiência desportiva
que mais me marcou. Deve ser. Três anos depois ainda escrevo sobre ela.
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