segunda-feira, 8 de junho de 2015

Susana vai ao engano, perdão, triatlo



Até eu tenho dificuldade em acreditar, mas… estou ali!

A Marta Andrade, que anunciou hoje a sua participação no Triatlo de Oeiras daqui a dias, fez-me lembrar aquela “fatídica” data em Junho de 2012.

Um grupo de amigos desafiava-me para aquilo que eu julgava ser uma brincadeira. Até o nome na altura era… simpático. Triatlo do Ambiente, chamava-se.

Antes da prova dos “supra-sumos”, os triatletas portanto, haveria o “super-sprint”. O super-sprint, enganaram-me eles, era para iniciados como eu. Melhor. Era para quem eventualmente pretendesse iniciar-se na modalidade.

A última vez que tinha nadado fora no Verão anterior. Na praia. Bruços. Para trás e para diante. Sempre ao longo da costa, como mandam as regras.

Nado bruços porque sim. Gosto de nadar crawl mas rapidamente me perco na respiração. Mariposa é o estilo que mais me fascina, mas não dou uma braçada sequer. Costas? Entra-me água no nariz.
Nesse grupo – o Pedro Vicente, o Pedro Quina, a Marta Quina, a Ana Guimarães, o José Guimarães e o Luís Trindade – creio que todos sabiam ao que iam. E depois havia eu.

Um ano se havia passado desde que me iniciara na corrida. Na pior das hipóteses, conseguiria correr como deve de ser. Até nisso me enganei.

300 metros de natação na praia da Torre. Creio ter engolido 456.782 pirolitos. “Jesus, gente bruta”, pensava eu assustada. “Não vêem por onde nadam?!”, continuava. Experimentei todos os estilos. Nadar-à-cão incluído. Vi o bote ao fundo e juro que pensei levantar o braço para me acudirem. E ainda não tinha chegado à primeira bóia. Nem 100 metros, imaginem! Mas continuei. Saí da água ao lado de um velhinho com mais 50 anos do que eu. No mínimo. Chegada ao parque de transição foi fácil localizar a bicicleta. Não porque fosse um estonteante último modelo do mercado – era uma BERG, de 60 euros, se tanto – mas porque só restavam 3. Todos os outros já tinham partido. Os braços tremiam e creio ter demorado mais de 3 minutos para conseguir vestir os calções e fechar o capacete. Seguiam-se 10 km de bicicleta. Felizmente, funcionando como massagem ao ego, consegui ultrapassar alguns atletas. Os pneus da bicicleta tinham pouco ar – nem disso havia tratado – mas lá me esforcei para terminar e chegar rápido ao segmento de corrida – seria “a minha praia”. Iria ultrapassar dezenas de atletas, pensava eu, confiante. De volta ao parque de transição, saio da bicicleta e preparo-me para correr. As pernas não mexem. Parecem dois troncos de árvore com raízes profundas. Raízes fortes e vigorosas. As pernas simplesmente não me obedeciam. Foram os 2,5 km com 0,02 m de D+ mais longos da minha vida. Cheguei ao fim. E nunca mais voltei.

Digo muitas vezes que aquela foi a experiência desportiva que mais me marcou. Deve ser. Três anos depois ainda escrevo sobre ela.

É também por isso que tanto me fascina a modalidade. Fico assim. A observar. Ao vivo. À distância.  Tentar perceber como sabem o caminho a tomar com a cabeça dentro de água. Como saem da água aos “S” e encontram equilíbrio na bicicleta. E correr depois mais rápido do que alguma vez correrei. Há coisas que merecem ficar assim nas prateleiras - fascinantes e… intangíveis.

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