segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Trail do Zêzere em factos

Facto 1. TUDO O QUE SOBE, DESCE. Mentira. Ontem encontrei a confirmação da exceção à regra. Tudo o que sobe, sobe mais, e mais, e mais.

Facto 2. NENHUMA PROVA TEM A DISTÂNCIA QUE ANUNCIAM. Voltei a confirmar isso em Ferreira do Zêzere. O meu relógio diz-me que estou a 750 metros da meta, mas a placa de identificação anuncia que faltam “só” 3 km para chegar ao tão desej...
ado local.

Facto 3. A DUAS É MUITO MELHOR. Estreia absoluta da Sofia nos trilhos. Estreou-se em setembro na Meia-Maratona em São João das Lampas. Dois meses mais tarde estreia-se nos trilhos, numa prova não aconselhável a principiantes, nem tão pouco reincidentes. De resto, um dos membros da organização teve a delicadeza de anunciar na partida que quem tinha vindo para se estrear, tinha feito uma escolha bem ousada!

Facto 4. OS 38 NÃO ME TORNARAM MAIS RÁPIDA. Não foi a Sofia que me atrasou, mas sim o contrário! Quem sabe o problema tenha residido no esquecimento do amuleto das corridas – as asas. Ou quem sabe esteja mesmo condenada a ser lentinha para viver tudo mais devagar.

Facto 5. SÓ CONHECERÁS O TEU PAÍS SE SAIRES DO CARRO. Eu já sabia disso. Já havia escrito isso. E fartei-me de rir quando, a meio de uma potente subida, a Sofia me perguntou “nunca chegaríamos aqui de carro, pois não!?”.

Facto 6. OS ESCORPIÕES ADORAM VALES E MONTES. Quem sabe, sabe, e os escorpiões é que sabem. Qual o melhor “spot” para comemorar aniversários? A montanha, claro está. Estava lá eu, a
Maria e o João Carlos. Três escorpiõezinhos adoráveis!

Parabéns a todos os estreantes nos 23 K e nos 48 K. Parabéns aos que invariavelmente subiram ao pódio e voaram pela montanha. Parabéns aos que, não contentes com os 48 K, decidiram palmilhar umas dezenas de kms mais, passando pela meta duas vezes. E parabéns a todos os que escolheram Ferreira do Zêzere para desfrutar de uma belíssima manhã solarenga e fria de domingo!

domingo, 3 de novembro de 2013

Maratona à Moda do Porto

Dificuldade
*** (média)


Tempo de preparação
4h11 ou, numa abordagem que prefiro, 3h71.


Ingredientes
- Brincos formato "asinhas"
- Ténis padrão pantera
- Sol brilhante
- Temperatura amena
- Mar revolto, na Foz
- Rio Douro, na Ribeira e do lado de Gaia também
- 2 colheres de chá de mimos dos tios na partida e na meta
- Várias colheres de chá de sorrisos de atletas amigos, em todo o "tempo de preparação"
- Força q.b.


Modo de Preparação

Posicione-se na meta. Simule que faz um aquecimento, rodando os tornozelos. Exiba um ar concentrado. Ligue a música. Quanto mais alto, melhor. Localize o balão (pacer) das 4h00. Se não o encontrar, não se preocupe. Eventualmente terá a sorte de se cruzar com ele nos próximos kms. Ligue o relógio.

Quando ouvir o sinal da partida, comece a correr. Suba. Suba mais um pouco. Pergunte-se a si mesmo quando termina a subida. Sorria. A subida terminou mais rápido do que previa. Comece a descer. Sempre a descer. Está a descer a Avenida da Boavista. Não chore porque não pode ter o porsche que avista no stand. Há coisas mais importantes na vida. Siga para direita, seguindo o desvio. Em breve voltará à luxuosa avenida. Sorria. Chegou à Foz. Não vai voltar à esquerda. Ao invés, irá dar uma voltinha a Matosinhos. É um passeio simpático.

Entretanto, começam os sorrisos. Alguns amigos já vêm em sentido contrário. Grite por eles. Sorria quando gritam por si. Sorria para os fotógrafos também! Chegará o momento em que também dará meia-volta e voltará a cruzar-se com caras conhecidas. Sorria. Mostre-se confiante e diga palavras de incentivo!

Chegará de novo ao Castelo do Queijo e, desta vez, seguirá mesmo no sentido da Ribeira. Tente fugir do empedrado escorregadio e não nivelado, se conseguir. Siga em frente e depois siga para a direita. Se for menina, está tudo estragado. Vai perder a cabeça nas tendinhas que exibem lindas peças de artesanato e "tarecos" que adoramos. Serão uma boas centenas de metros de tendinhas. A solução passa por não levar a carteira consigo. Se assim for, está safa!

Vire à direita e atravesse o rio Douro na linda Ponte de São Luís até Gaia. Sorria. Alguém chamou pelo seu nome! Está de novo numa parte do percurso onde os atletas se cruzam e vai desejar ser rápido como os que já vêm no sentido contrário. Um, e outro e mais outro. Alegre-se! Fique feliz por eles. São mais rápidos porque treinam seguramente mais do que você. Siga sempre em frente. Já não falta tudo. Está na Afurada e portanto no km 27. Dê a volta! Agora vai cruzar-se novamente com atletas que vão um pedacinho mais lentos do que você próprio. Sorria e grite palavras de encorajamento!

De novo em direção à Ponte de São Luís. Atravesse o Douro. Vire à direita. Mais um pedacinho, mais uns sorrisos, mais uma voltinha no km 31,5, no Freixo. Tantas voltinhas! Mas acabaram-se. Agora é sempre a direito. Sempre, sempre, sempre até ao fim. Menos um bocadinho. Coma as passas, os gomos de laranja e as bebidas isotónicas que a organização lhe oferecer. Vai precisar disso tudo, lhe garanto!

Chegou de novo ao Castelo do Queijo e agora vai voltar a subir a Avenida da Boavista. Mas só um pedacinho. Prometo. Aviste a meta. Sorria. Ponha Iggy Pop a tocar. "Wild One" é o tema perfeito. Vai sentir-se... Wild! Mais amigos a gritarem pelo seu nome. Desconhecidos também, apenas porque transbordam simpatia e o seu nome é exibido no dorsal.

Chegou. Sorria de novo. Receba a medalha e fique feliz porque acaba de terminar mais 42.195 metros!

(receita redigida a bordo do autocarro mais barulhento em que alguma vez estive, a caminho de Lisboa)