sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

A caminho do "Caminho"


A vida faz-se de caminhos e eu vou fazendo o meu... como sei... como posso.
Há cerca de dois meses uma amiga ofereceu-me uma moldura.
Era uma linda moldura e, focada no "embrulho", nem me apercebi que não precisava de recheio. De fotografia, portanto.
Sou distraída. Muito distraída.
Efetivamente, só vários dias depois reparei que a moldura trazia consigo uma mensagem.
"Never run faster than your guardian angel can fly", alertou-me a Maria.
A moldura encontra-se na minha mesa de cabeceira e não há dia que me deite ou levante sem olhar para aquelas palavras.
Pode ser correr, pode ser andar... no fundo resume-se a viver. Viver devagar, para que o nosso anjo da guarda nos possa... guardar!
Talvez ande a viver demasiado depressa e estivesse a precisar de algo para me fazer andar devagar.
Sei que parece um paradoxo, quando não me canso de proclamar o quão lenta sou na corrida!
Penso que entendem o que quero dizer.
Pois bem.
O meu anjo da guarda definiu novos planos para mim.
Ao contrário do que pensava, não irei escrever o segundo capítulo de "Uma Aventura em Vila de Rei".
Depois de 4 dias de reposição das doses de mimos com a Inês e o Diogo, partirei com 10 peregrinos a caminho... do "Caminho"! 
De 4 a 9 de março, correremos quando pudermos, caminharemos quando não pudermos, com a certeza porém que, ao fim de cerca de 250 km e chegando a Santiago de Compostela, teremos revisitado cada minuto importante das nossas vidas.
Acredito verdadeiramente que o "caminho" dará uma boa história!




terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Um dia correrei como a Anna Frost

Não me canso de ver esta menina.
A Anna Frost faz parte da minha vida presente.
Aos 6 anos era a Candy que preenchia os meus sonhos de menina.
Mais tarde, na adolescência, a dinamarquesa Helena Christensen, porque queria ser como ela quando crescesse.
Aos 38... gostava de correr como a Frosty.


segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Sol de Inverno em Sicó



São 5:30 AM. Acordo em modo "tenho que escrever". E é isso que faço agora. Ao contrário do que sempre acontece, ontem não "escrevi" ao longo dos 52 km que constituíram o percurso do Trail de Conímbriga, em Sicó. Talvez fosse demasiado ocupada a pensar noutros assuntos que mereciam ser pensados num enquadramento daqueles. E a serra traz-me isto. Oferece-me isto. Tempo para pensar. Pensar envolta de cenários inspiradores de qualidade HD.

Parti bem cedo com um grupo de amigos de Lisboa. 200 km, algumas peripécias e música de Maná - pensando nos outros amigos que se encontravam em Sevilha à mesma hora - depois, chegámos ao destino.

O São Pedro bem mereceu o título de santo ontem. Que lindo dia de Sol! O Sol de Inverno acarinhou várias centenas de atletas, que saíram com as doses de Vitamina D repostas. Que bem que soube!

Troquei Sevilha por Sicó

Na partida lá estavam as caras do costume. Encontro algumas, outras encontram-me a mim. "Não estavas em Sevilha, Susana?", perguntam. Sorrio e digo que mudei de ideias.

E mudei sim. Há cerca de duas semanas havia decidido que não iria correr a maratona em Sevilha. Queria guardar Sevilha como foi em 2013. Com a família a meu lado, cruzando-se comigo em vários pontos do caminho. Com a saia de sevilhana, que inicialmente me fez querer enfiar num buraco percebendo que era a única atleta que tinha escolhido um equipamento diferente e depois se revelou a mais inteligente opção, merecendo a triplicar as palavras de incentivo dos locais que pensavam que fosse uma "das suas". Sevilha foi perfeita assim e deste modo a quis guardar.

A partida com os abútricos

Percorri a primeira parte do percurso com alguns elementos da família abútrica. Em alguns momentos tive que pensar se deveria parar para rir ou tentar correr rindo. Depois de alguns quilómetros mais planos, começam a chegar os montes que nos fazem "meter a primeira" e fazer-me pensar "ri-te agora, Susana". Não tinha comigo os bastões pelo que a tarefa se afigurava algo mais complicada. Parti um bastão na Lousã em janeiro e ainda não fui tratar do assunto. Rapidamente concluí que não vivo sem eles. Os bastões.

Começa a diversão

Depois do primeiro abastecimento na Ameixeira, em que recebo as palavras de incentivo da Ana Cristina do Mundo da Corrida, sigo caminho ao lado do Pedro Lizardo que não veio claramente com o propósito de chegar rápido à meta. Fazendo sprints para trás e para diante, como se de uma gazela se tratasse, vai procurando o melhor plano, a melhor perspetiva e divertindo-se com a sua câmara. Vamos querer essas imagens  editadas, Pedro! Surge a primeira subida mais íngreme onde me estreio nas quedas e no encontro com a lama. Seguem-se uns trilhos onde me divirto, tentando escapar às pedras rolantes. Chegados cá abaixo subimos um pouco e sabemos que em breve estaremos no segundo abastecimento, onde nos aguardam... os queijos!

Pão com queijo e mel, não uma, nem duas, mas... três vezes!

No Poço, começo pelos gomos de laranja mas rapidamente me rendo ao pão de mistura com queijo e mel. Preparo uma fatia que me coloca algumas dificuldades a comer, tal a altura dos ingredientes.

Há por aí uma foto a registar o digno momento, que proibi determinantemente o autor de publicar!

O cenário viria a repetir-se umas vezes mais. Comi pão com queijo e mel para os próximos seis meses!

O cavaleiro no cavalo branco

Como dizia ontem, a generosidade da família abútrica não se circunscreve à Serra da Lousã. E assim foi. O José Carlos insiste pela décima vez para que fique com os seus bastões porque vou precisar deles. "E tu não precisas?", pergunto. "Espero por ti no próximo abastecimento e logo mos dás", respondeu. Foram "apenas" os bastões do José Carlos, mas souberam ao que deve saber o resgate por um cavaleiro a galope no seu cavalo branco. José Carlos, acabas de ganhar mais um título, a adicionar ao vassoura-simpatia que arrecadaste nos Ultra Trilhos dos Abutres. Que me perdoe o João Martins que abraçou a nobre tarefa de vassoura na prova de ontem. Não tive o prazer de correr na sua companhia. Sei que teria sido uma fantástica experiência. Mas ontem estava num modo lento-endiabrado!

Uma casa na pradaria

Chegamos novamente ao vale e ao terceiro abastecimento. Villa Romana Rabaçal, de seu nome. O José Carlos não me espera, como de resto já era expectável. Seguiu sem os seus bastões. Enganou-me! Nessa altura decido então regulá-los e adaptá-los à minha estatura, para que deles melhor possa usufruir. Mais uns gomos de laranja, uns tragos de coca-cola, o pão com queijo e mel e... siga que se faz tarde!

A dado momento avisto as eólicas e não me restam dúvidas que subiremos lá acima. Também não as tenho quando vejo uma antena. Nestas provas longas, sabemos de antemão que teremos oportunidade de visitar todos os pontos mais altos das redondezas.

Mas esta subida às eólicas faz-me parar para tirar um retrato. Ainda estou do outro lado da montanha, terei que descer até à base da seguinte e já vejo pontinhos que não são mais do que atletas a subir a pique até ao topo. Solto uma valente gargalhada e sigo o meu caminho. Os bastões são a mais preciosa ajuda. Ajudam-me a marcar o ritmo e a não esmorecer. Chegada ao topo, caminho uns metros, cruzo-me com uma corporação de bombeiros e procuro o trilho a seguir. De repente assunto-me. Assusto-me a valer. Olho o chão e a sombra das pás das eólicas gira no solo. Uma das sombras raspa-me na orelha. Sério que me raspou na orelha!

Segue-se um estradão de cascalho branco que ladeia as dezenas de moinhos de vento no topo da montanha. Sítio perfeito para estar no início de tarde de domingo. É também nesta altura que penso em Sevilha. "Se lá estivesses, a esta hora, melhor ou menos bem, estarias a concluir a tua missão". Não tive pena. Era ali que queria estar. Mesmo sabendo que ainda tinha metade do percurso pela frente e pelo menos mais 4 horas a monte.

Depois dos 40 K, o onduladinho

Quem me lê e acompanha há algum tempo, sabe bem que estes são os meus favoritos. Os onduladinhos. Não sobem muito, não descem muito. Os arbustos fazém cócegas nas pernas. As silvas arranham. Adoro os onduladinhos. 

Chegados a mais um topo - sinto que subi 40 montanhas ontem - a minha intuição de escorpião dá o alerta. "É agora que nos vamos divertir?", pergunto ao Pedro. E é mesmo. O Pedro sai na frente e eu sigo como posso, no modo mais endiabrado que conheço, acreditando que há um nadica-de-nada de Frosty um mim. Salto, abro a passada, dou pontapés das pedras, receio ficar sem dentes, mas divirto-me por demais naquele onduladinho. O sol está perfeito e só penso nas fotos da Anna Frost debaixo do sol neo-zelandês! 

Depois deste, segue-se um outro trilho. Um trilho bem cerrado, carregado de pedra que dificulta a progressão, mas de uma beleza incrível. A humidade já se faz sentir e os cheiros ganham outra dimensão. Rapidamente sou ultrapassada pelo Luis e Nicolau. Volto apenas a encontrá-los uns metros adiante porque...

Há festa em Casmilo!

Chego ao penúltimo abastecimento. Música, tendinhas, aldeões. Tenho dificuldade em encontrar os atletas e a mesa do abastecimento. Que festa nesta tarde de sol de Inverno! Se tivesse levado a saia de sevilhana ter-me-ia juntado ao rancho seguramente!

Sei que aquela será a derradeira experiência com o pão, queijo e mel da região e por isso demoro-me por lá mais um pedaço. Estamos todos juntos agora. Todos juntos! Vamos terminar isto?

Sem bateria no garmin, mas "Antes do Pôr-do-Sol"!

Há dias um amigo brincava comigo dizendo que havia escolhido mal o nome para o meu blogue. "Antes da bateria do garmin acabar", disse ele. "Esse é que era o nome certo!", acrescentou.

A bateria do garmin acabou depois de 8 horas de funcionamento. Ainda faltam uns quilómetros. Usando as palavras do Luís Sommer, vou exclamando "o último a chegar é um ovo podre"! Fui ovo podre em inúmeras situações hoje. Também exclamei "fartinha, fartinha, fartinha"! Mais do que as pernas, só a cabeça pode aguentar tanta hora a monte. E quando chegamos ao fim e verificamos que a cabeça superou, sabemos que crescemos mais um bocadinho.

9h01m depois saímos... Mais fortes. Mais confiantes. Melhores. E por isso voltaremos!

Até breve, em Vila de Rei!


quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Viciados na Montanha




A corrida trouxe benefícios inequívocos à minha vida.

Comecei no asfalto e cedo procurei outros lugares. A montanha. A montanha é a minha praia.

A participação ativa em treinos ou provas desniveladas sobre pedras, cascalho e folhinhas, ainda que em modo lento, tem-me permitido também observar os comportamentos típicos de quem, como eu, é apaixonado pela modalidade e a forma como vive os quilómetros percorridos.

Volvidos mais de 12 meses de experiências com montes e vales, não poderia deixar de fazer as devidas adaptações a um texto que redigi há um ano, quando escrevi umas palavrinhas sobre os viciados na corrida.

Seguem então os sintomas para que possam antecipadamente precaver-se ou, em alternativa, entregar-se a esta loucura que só nos faz bem.

Um viciado na montanha…

… pensa em desnível acumulado quando atravessa lombas na estrada;

… sorri quando, no meio da AE, avista um monte ao fundo e consegue visualizar um “pontinho” que imagina ser ele próprio;

… imagina-se nos percursos montanhosos do Ultra Trail do Monte Branco, quando sentado no banco do carro aguardando que o semáforo fique verde;

… ouve Ludovico Einaudi enquanto trabalha e sente os pés a mexer em busca de piso irregular;

… junta-se a outros loucos por montanha à volta do PC ou da TV a ver filmes inspiradores da Salomon Trail Running TV;

… não se envergonha de começar a caminhar 500 metros depois de ter iniciado a corrida num treino numa qualquer serra, pois sabe que vai precisar das pernas mais adiante;

… partilha no Facebook todas as citações inspiradoras que encontra sobre montes e vales;

… substitui todos os ídolos da adolescência pela Frosty, Emelie, Kilian e outros campeões da montanha;

… acredita que conseguirá chegar ao topo da montanha mais rapidamente se usar o equipamento da Anna Frost ou do Kilian;

… pensa que a culpa de não correr mais rápido é do “buff”, ao qual falta aerodinamismo;

… sempre que vê alguém ultrapassá-lo e correr montanha acima mais depressa, assume de imediato que o outro correrá uma menor distância e pensa para consigo "vai, vai, que eu já te apanho";

... nas provas, motiva-se a cada quilómetro com tudo aquilo que vê, acredita que mais à frente será ainda mais bonito e consulta a altimetria com indicação dos postos de abastecimento, sonhando com um mero copo de coca-cola fresca;

… vive em estado de ansiedade até que chegue domingo, dia típico para realização de provas, sabendo de antemão que nunca subirá ao pódio e muito dificilmente alcançará a primeira metade da classificação geral;

... na véspera das provas, prepara com entusiasmo os camel back com tudo o que vai necessitar e também o que pensa que nunca necessitará;

… não hesita também em programar o despertador para as 4 AM de domingo, por forma a chegar à prova – na montanha, claro - por que esperou toda a semana;

… sabe parar quando chega o topo da montanha, não para “que o mundo o possa ver, mas sim para que possa ver o mundo”;

… define o local das férias anuais em função do número de montezinhos, serras ou montanhas que o destino oferece e onde possa correr;

… inicia qualquer conversa com um desconhecido com um desbloqueador de conversa do tipo “por onde anda agora o nosso Presidente da República”, rapidamente substituído pelo tema “montanha” e a forma como esta lhe salvou a vida (e deixou de pensar no Presidente da República);

… anuncia no Facebook que vai para a montanha;

… anuncia no Facebook, no mínimo 8 horas depois, que já chegou da montanha;

… anuncia no Facebook a distância que correu na montanha, a velocidade a que o fez e quantas calorias queimou;

… partilha no Facebook dezenas de parágrafos relatando a última prova de 40 km, não esquecendo nenhum detalhe: frio ou calor, vento ou ameno, as tostas com mel e as minis dos abastecimentos, a dor no joelho, a queda na pedra escorregadiça, o entorse do tornozelo direito, a camaradagem entre atletas, os bichos estranhos que viu, os sons que ouviu, as gargalhadas que deu e as paisagens que o fizeram sonhar.

Se nos faz sonhar, que sonhemos pois então!

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Coisas que inspiram

If you are faced with a mountain, you have several options.
You can climb it and cross to the other side
You can go around it.You can dig under it
You can fly over it.
You can blow it up.
You can ignore it and pretend it’s not there.
You can turn around and go back the way you came.
Or you can stay on the mountain and make it your home.

Vera Nazarian, The Perpetual Calendar of Inspiration


domingo, 16 de fevereiro de 2014

Porquê antes do pôr-do-sol?


Anna Frost no Monte Taranaki


Puff.
Já está.
O meu blogue.
Obrigada aos amigos que uma ou outra vez foram insistindo para que o criasse.
Creio que já venho tarde. Tarde na medida em que os blogues em breve cairão em desuso e serão substituídos por qualquer outra coisa mais dinâmica, mais funcional, mais apetecível.
É sempre assim. Nunca sou do meu tempo. Sou sempre dos tempos lá atrás.
Mas adiante.
Para já é mais um baú de recordações do que de novidades.
Reuni tudo o que fui escrevendo e publicando por aí.
Na minha página do FB, no blogue "De Sedentário a Maratonista" do meu amigo Zé, e outras coisitas não publicadas, mas que rabisquei em tempos.
O primeiro passo foi precisamente o nome.
Não queria falar apenas de corrida. Nunca será um site de corrida. Com artigos científicos e coisas que tais.
Será algo mais... romanceado.
E sei que quererei escrever sobre outros assuntos. Verniz de gel, stilettos e receitas com molho pesto. O nome tinha que ser algo mais... global.
No entanto a corrida está definitivamente presente na minha vida.
E devo-lhe tanta coisa. Tanta mesmo!
Terminei os 100 km do Ultra-Trail de São Mamede pensando que voltaria no ano seguinte para os terminar antes do pôr-do-sol.
Mais tarde, os 63 km de Vila de Rei, onde também tive que ligar o frontal. Quero voltar para chegar antes do pôr-do-sol.
Em janeiro deste ano, os 47 km dos Ultra-Trilhos dos Abutres onde conheci a serra da Lousã by night. Quero voltar em 2015 para, claro, terminar antes do pôr-do-sol.
As minhas compilações de música preferidas são precisamente as do "Café del Mar", barzinho localizado em Ibiza, conhecido pelo mais bonito pôr-do-sol da ilha. Já lá estive. Com a pessoa que sempre fará parte da minha vida, sob a "forma" de Inês e Diogo.
Gosto do momento "antes do pôr-do-sol".
Está explicado.
Até breve!

Ups and downs!


sábado, 15 de fevereiro de 2014

Cheguei

O meu cantinho das palavras.
Umas minhas, outras de outros.
Das coisas que gosto.
Daquilo que fizer sentido.

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Cupido e Valentim



Há um ano coloquei-me do lado dos que boicotam o Dia dos Namorados e partilhei uma foto do Cupido esborrachado contra um prédio. "Pimba... já foste", escrevi eu.
Este ano tenho que lhe dar o devido valor. Senão vejamos...
Cupido, filho de Vénus e de Vulcano, encarnava a paixão e o amor nas suas mais diversas formas. Aparentemente deixava Júpiter incomodado com os "estragos" que provocava. Não sei se o amor é estrago ou não - umas vezes sim, outras não, outras "só se estraga uma casa" - mas o que é certo é que o pobre coitado acabou por ser largado pela mãe na floresta - dizem que também as há no Olimpo, pelo que terei que lá ir confirmar e fazer uma corridinha - alimentando-se do leite de animais selvagens. Com tanta coisa boa para comer na floresta logo foi escolher o leite. Na altura não deviam falar dos malefícios do seu consumo em idade adulta, por certo.
Diz-se também que Cupido agia sempre em prol do verdadeiro e bonito amor entre casais. Os únicos momentos em que terá agido de forma maliciosa terão sido a mando da mãe. Cá está. A culpa é sempre das mulheres. Malandras.
Não esqueçamos também o Valentim que dá nome à data. São Valentim. Havia por aí um imperador que proibia a realização de casamentos em tempo de guerra, acreditando que os solteiros seriam melhores combatentes. Mais uma vez, a culpa é das mulheres. Sempre as mulheres. As mulheres desgraçam a vida dos homens. Pois bem, São Valentim, que naturalmente só virou santo depois de morrer, continuou a casar quem o desejava fazer, acabando por ser descoberto e condenado à morte. Na altura era Bispo e enquanto aguardava pela sentença ter-se-á apaixonado pela filha cega do carcereiro, a quem devolveu a visão, antes de partir para outro mundo melhor. Mais uma vez, uma mulher a atormentar os últimos dias de um pobre homem condenado à morte.
Esperando que este escrito tenha sido esclarecedor (se houver algum dado histórico importante errado, perdoem-me), proponho que celebremos este dia com todo o carinho a que temos direito. Piroso, menos piroso, profundo, menos profundo, rejubilemos por termos esta capacidade de sentir essa coisa que umas vezes causa estragos, outras é boa demais, chamada amor.
Feliz Dia de São Valentim!

sábado, 8 de fevereiro de 2014

Pieguices em Vila Velha de Rodão

Ando piegas. Não sei se é da idade. Talvez da chuva. Ou a vida é mesmo assim e pronto.
Vi coisas muito bonitas ao longo dos 48 km que constituíram o percurso de Vila Velha de Ródão que me emocionaram. Passei muitos momentos sozinha. Parei para tirar fotografias, algo que não fazia há muito. Estou particularmente satisfeita por ter uma foto minha a acompanhar estas palavras.
É em Vila Velha de Ródã
o que o Tejo começa a falar português, depois de nascer em Espanha.
Pasmem-se... as Portas de Ródão quase me passaram despercebidas, porque no momento em que passei a seu lado ia concentrada nas pedritas que encontrava pelo caminho. Valeu-me a presença por perto da Otília, que me alertou para aquele imponente cenário.
O rio Tejo acompanhou-me ao longo de vários quilómetros e em diversos momentos da prova. Por vezes parava apenas a contemplá-lo, revolto, "grisalho", fruto das chuvadas dos últimos dias. Recordo-me de pensar que não precisava de ir a museus ver Monet, Van Gogh ou Cézanne. Tantas pinturas famosas do mundo poderiam ter o que vi como cenário! Falo muito sério.
A organização "Horizontes" sabe do que eu gosto. Já o havia demonstrado em Vila de Rei, em junho do ano passado, quando me ofereceu umas deliciosas piscinas naturais onde não hesitei mergulhar, vestida mas sem ténis, sob o olhar desconfiado de atletas que se interrogavam se eu não estaria interessada em chegar (mais rapidamente) à meta.
Em Vila Velha de Ródão a água foi muita, mas infelizmente não estávamos em tempo de ir a banhos integrais. Valeram-me os parciais, com uma água gélida que anestesiou os gémeos que há muito gritavam e suplicavam por uma paragem.
Hoje houve também muito tempo para pensar. Pensar no papel que a corrida pode, deve, deverá e terá na minha vida. Logo decidirei.
Uma coisa é certa. O desejo era chegar. E chegar antes do garmin parar. O objetivo foi cumprido. 15 minutos depois de cortar a meta o garmin "morreu". Já eu terminei o dia mais rica, mais empenada e com ruptura de stock de "ais" e "uis".