sábado, 15 de março de 2014

Depois d'O Caminho, sigo o meu caminho



Seis dias depois calcei os ténis e fui correr.
E que bem que soube.
Não o fiz antes porque não me apeteceu.
Cheguei ao fim d'O Caminho sem quaisquer lesões, contusões ou luxações. Nem uma bolhinha sequer.
Simplesmente não me apeteceu.
Ofereci-me a mim mesma seis dias de folga.

Fui correr no Parque das Nações, enquanto a Inês e o Diogo treinavam para serem a Sharapova e o Djokovic. Concluí que continuo a correr em bicos de pés, a gostar de sentir os ombros destapados ao sol e ao vento e que o rio Tejo continua bonito.

Se tudo tivesse corrido como previsto, teria publicado algo sobre O Caminho. Sobre a minha experiência d'O Caminho. Estava tudo acertado. Seria redigido a 4 mãos, como prometido há muito. Já tínhamos título e tudo. "O Caminho a quatro mãos (e treze pares de pés)". Os pés da Naná incluídos, pois claro.

Mas, seis dias e algumas tentativas depois, concluo que tentar escrever algo a meias com o Rui é tão desprovido de sentido como pedir a um aprendiz de pintura que pinte com Monet. O Rui, Monet portanto, já escreveu tudo e fé-lo de forma fantástica.

Há adicionalmente uma característica particular nesta aventura que foi O Caminho. É algo nosso. Vivido com outros que o partilham connosco, mas é algo absolutamente nosso.

Mais do que pensar, obriguei-me a não pensar.
É necessária muita disciplina para não pensar. Rapidamente nos distraímos e começamos a pensar em algo. Creio que não pensar me trouxe muita coisa boa. E estou certa que ainda estou a aterrar d'O Caminho e muito falta para descobrir.

Guardo por isso estes cinco dias comigo, reiterando o que escreveu o Renato há dias: "façam O Caminho". Dificilmente teremos tanto tempo para nos próprios como temos "ali".



Chegada a Santiago no domingo passado confesso que perdi o "Norte". "E agora?", pensei eu. Não encontrei o meu "eu interior". Talvez o meu "eu interior" seja francês. Se for o caso a resposta estará no Caminho Francês. Quem sabe, um dia!

Depois de recolher a Compostellana na Oficina do Peregrino, a qual atesta a minha condição de Cidadã de Compostela e me atribui o honroso nome de Susannam, segui para comprar a tradicional vieira. Na realidade deveria ter-me acompanhado desde o primeiro quilómetro, pois diz a história que era nela que os peregrinos bebiam água a caminho de Santiago.

Diz-se que a vieira (concha) significa proteção e busca de conhecimento, sendo que a devemos devolver ao mar depois de completado O Caminho. Assim sendo, O Caminho só estará completo quando se chegar a Finisterra, 80 km a noroeste de Santiago.

E é até lá que irei, ainda em 2014, a partir da Catedral de Santiago.








2 comentários:

  1. Continuação do "Bom Caminho" Susana, pela vida fora, se é que me faço entender :)
    Beijinhos

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